Três pontes separam-me, são elas que levam a corrente de ternuras, abraços e gostos. Tornam-se concorrentes, sem reparar o reflexo que deixo transparecer.
Um dia quis que assim fosse, para ser mais fácil o trajecto. Hoje, tremo ao vê-los lá em cima sem saberem onde estou.
O alcatrão que aquece a cada dia que passa, abre frechas que rapidamente vêm tapar. Ao mesmo tempo a minha corrente leva, o que outros já não querem, e eu ... encaminho-os para o Mar.
Pareço poluido, por isso não me querem. Os recentes apaixonados ainda aparecem, mas não por mim, apenas porque buscam a solidão.
Não estou sujo, apenas estou só.
Penso que o terramoto não tardará, e que susto irão ter. Quem passar naquela altura, olhará para baixo e irá ver-me estendido, de costas voltadas e de fronte baixa. Não será tristeza, nem desprezo, apenas estarei demasiado cansado de tirar o pó das minhas margens.
A ideia da minha primeira gota nunca foi a foz, mas sim o que podiam fazer com ela.
04 abril 2007
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Publicada por
Ricardo Marques
às
21:47
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1 comentário:
Gostámos da paragem nesta tua estação de serviço... apareçe, continua a postar. força!
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